"...O poeta popular Paulo
Varela é natural do Assu (RN), considerado um dos melhores poetas matutos
desse Nordeste. Ele, Paulo, é gago e declama sem dificuldade. Já se apresentou
no Programa do Jô, na TV Globo, bem como é convidado para palestras e
conferências sobre a sua poesia genuinamente matuta. Poucos dias depois, a
Globo reapresentou a sua entrevista em razão de já ter sido um sucesso total em
todo o Brasil. Ele participa de feiras de artesanatos e da Festa do Boi, em
Parnamirim (RN), onde arma um stander (uma casa de taipa, típica do sertão do
Nordeste, que ele mesmo constrói), onde vende seus discos (cd), folhetos de
cordel e apresenta a sua arte de versejar nas casas de shows de Natal. Um dos
seus discos intitula-se "Remédio Pra Subir Pau", 2004. Segundo o
poeta que começou a escrever poesias a trinta anos atrás, já tem quase duas mil
composições. Ele também artista plástico e "se diz um cabôco escrevedô e
contadô de causos matutos".
Confira a participação do poeta na coluna "Cores & Nomes" com o jornalista Margot ferreira, no jornal televisivo RN-TV da TV Globo-RN
Baixe o CD clicando na capa
FAIXAS
01 brasil independente
02 é assim seu moço
03 eu e meu assú
04 pescador
05 quando a barragem sangrou
06 reclamações de um vaqueiro
07 retirando vidas
08 romance, amor sem fim
09 truvuano
10 vaqueiro nordestino
Esta
produção traz o refinamento da expressão poética de Adélia Prado. A
essência é a intenção da fala ao coração. O disco une a riqueza da
poesia à expressão musical e essência feminina, através de cinqüenta e
seis poemas do livro: "Oráculos de Maio", interpretados pela autora. No
CD, Adélia Prado é acompanhada por um tema sonoro criado por Mauro
Rodrigues e executado por Fernando Araújo (violão), Firmino Cavazza
(violoncello), Carlos Ernest (oboé) e Mauro Rodrigues (flauta).
O poeta ficou cansado
O ajudante de Deus
Salve rainha
O tesouro escondido
Staccato
Homilia
Domus
A boa morte
Poema para menina-aprendiz
Do amor
Portunhol
Sesta com flores
Meditação à beira de um poema
Mural
Nossa Senhora da Conceição
A rua da vida feliz
Justiça
Mater dolorosa
Vaso noturno
O intenso brilho
Invitatório
Paixão de Cristo
História de Jó
Pedido de adoção
Mulher ao cair da tarde
A discípula
Meditação do rei no meio de sua tropa
Argüição da soberba
Oficina
Outubro
Direitos humanos
Tal qual um macho
O santo
A diva
Ex-voto
Amamnese
O santo ícone
Shopsi
Neurolingüística
Viação São Cristóvão
Na terra como no céu
Presença
Filhinha
No bater das pálpebras
À mesa
A convertida
Arte
Mitigação da pena
Exercício espiritual
Nossa Senhora das Flores
Estação de maio
Aura
Sinal no céu
Teologal
Maria
Neopelican
O blogs destava o Poema "Ex-Voto" que, neste vídeo, é intepretado pela atriz-poetiza Elinda Lucinda
EX-VOTO - ADÉLIA PRADO
Na tarde clara de um domingo quente, surpreendi-me Intestinos urgentes, ânsia de vômito, choro Desejo de raspar a cabeça e me por nua no centro da minha vida E uivar até me secarem os ossos Que queres que eu faça Deus?
Quando parei de chorar, o homem que me aguardava disse-me: Voce é muito sensível, por isso tem falta de ar! Chorei de novo porque era verdade e era também mentira, sendo só meio consolo
Respira fundo, insistiu ! Joga água fria no rosto, vamos dar uma volta, é psicológico
Que ex-voto levo à Aparecida se nao tenho doença e só lhe peço a cura? Minha amiga devota se tornou budista. Torço para que se desiluda e volte a rezar comigo as orações católicas.
Eu nunca ia ser budista! Por medo de não sofrer, por medo de ficar zen Existe santo alegre ou são os biógrafos que os põem assim felizes como bobos?
Minas tem coisas terríveis. A serra da piedade me transtorna. Em meio a tanta rocha de tão imediata beleza, edificações geridas pelo inferno, pelo descriador do mundo.
O menino não consegue mais, vai morrer, sem força para sugar a corda de carne preta do que seria um seio, agora às moscas.
Meu coração é bom mas não aceita que o seja. O homem me presenteia. Porque tanto recebo quando seria justo mandarem-me à solitária?
Palavras não, eu disse. Eu só aceito chorar! Porque então limpei os olhos quando avistei roseiras e mais o que não queria, de jeito nenhum queria aquela hora, o poema, meu ex-voto. Não a forma do que é doente, mas do que é são em mim. E rejeito e rejeito premida pela mesma força do que trabalha contra a beleza das rochas.
Me imploram amor Deus e o mundo. Sou pois mais rica que os dois. Só eu posso dizer a pedra: És bela até a aflição! O mesmo que dizer a ele: Sois belo, belo, sois belo.
Quase entendo a razão da minha falta de ar Ao escolher palavras com que narrar minha angústia, eu já respiro melhor.
A uns, Deus os quer doentes, a outros quer escrevendo.