quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Quinteto Armorial - Do Romance ao Galope Nordestino [1974]

Primeiro álbum do Quinteto Armorial, principal expoente do Movimento Armorial, lançado pelo selo independente Discos Marcus Pereira. O Movimento Armorial foi arquitetado por Ariano Suassuna, em 1970, na intenção de criar uma arte original e profundamente nordestina, mesclando influências ibéricas com tradições tipicamente nordestinas, que daquelas se desdobraram, além das heranças culturais trazidas pelos negros e das aprendidas com os indígenas, criando uma obra, a um só tempo, popular e erudita.

(Foto: Reprodução-Internet)
Segue texto de apresentação do grupo escrito por Suassuna, extraído da contracapa do LP:

Iniciado oficialmente em 1970, o Movimento Armorial interessa-se por Cerâmica, Pintura,Tapeçaria, Gravura, Teatro, Escultura, Romance, Poesia e Música, sendo que estamos a ponto de tentar nossas primeiras experiências no campo do Cinema e no da Arquitetura. 

No que se refere à Música, o trabalho do Quinteto Armorial é o que, na minha opinião, temos de mais importante, pois contamos com compositores que já estão dando o que falar, no campo da Música brasileira e erudita, de raízes nacionais e populares.

Sem se falar dos nossos dois grandes patronos de nome já firmado - Guerra Peixe e Capiba, aqui presentes neste disco - trata-se de gente como Antonio Carlos Nóbrega de Almeida, Jarbas Maciel, Egildo Vieira, e, sobretudo, esse extraordinário Antônio José Madureira, a meu ver a maior esperança da Música brasileira atual. Assim como Gilvan Samico, partindo das xilogravuras da Literatura de Cordel, criou importância para a Cultura brasileira, o mesmo está fazendo Antônio José Madureira a partir dos cantadores do nosso Romanceiro Nordestino, dos toques de pífano, das violas e rabecas dos Cantadores - toques ásperos, "desafinados", arcaicos, acerados como gumes de faca-de-ponta.
(Foto: Reprodução-Internet)
Foram os compositores armoriais que revalorizaram o pífano, a viola sertaneja, a guitarra ibérica, a rabeca e o marimbau nordestino, estranho e belo instrumento, de som áspero e monocórdio, lembrando - como a rabeca também - os instrumentos hindus ou árabes, estes últimos de presença tão marcante no nordeste, por causa da nossa herança ibérica.

Os músicos do Quinteto Armorial poderiam ter partido em busca de dois caminhos fáceis: limitar-se, por um lado, à boa execução convencional da Música europeia, tradicional ou "de vanguarda", e procurar, por outro lado, o fácil sucesso popular, tocando, à sua maneira, "baiões" comerciais. Não o quiseram. Convencidos de que a criação é muito mais importante do que a execução, preferiram a tarefa mais dura, mais ingrata, mais difícil e mais séria: a procura de uma composição nordestina renovadora, de uma Música erudita brasileira de raízes populares, de um som brasileiro, criado para um conjunto de câmera, apto a tocar a Música europeia, é claro - principalmente a ibérica mais antiga, tão importante para nós - mas principalmente apto a expressar o que a Cultura brasileira tem de singular, de próprio e de não europeu. 

O Quinteto Armorial tem seu trabalho ligado ao Departamento de Extensão Cultural da Pré-Reitoria para Assuntos Comunitários da UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO.

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(Tracks: 12 Playing time: 42:27)

FAIXAS
1 - Revoada – Quinteto Armorial – (Antônio José Madureira) (3:42)
2 - Romance Da Bela Infanta* – Quinteto Armorial – (Romance Ibérico Do Séc. XVI, Recriado Por Antônio José Madureira)
3 - Mourão – Quinteto Armorial – (Guerra Peixe) (1:49)
4 - Toada E Desafio – Quinteto Armorial – (Capiba) (4:25)
5 - Ponteio Acutilado – Quinteto Armorial – (Antônio Carlos Nóbrega De Almeida) (4:32)
6 - Repente – Quinteto Armorial – (Antônio José Madureira) (4:29)
7 - Tore – Quinteto Armorial – (Antônio José Madureira) (2:59)
8 - Excelência – Quinteto Armorial – (Tema Nordestino De Canto Fúnebre, Recriado Por Antônio José Madureira) (3:02)
9 - Bendito – Quinteto Armorial – (Egídio Vieira) (4:23)
10 - Toada E Dobrado De Cavalhada – Quinteto Armorial – (Antônio José Madureira) (4:51)
11 - Romance De Minervina* – Quinteto Armorial – (Antônio José Madureira) (1:33)
12 - Rasga – Quinteto Armorial – (Antônio Carlos Nóbrega De Almeida) (4:49)

* Tocadas com pífano e rabeca


Integrantes do Quinteto Armorial: Antônio José Madureira (viola sertaneja); Edilson Eulálio (violão); Fernando Torres Barbosa (marimbau nordestino); Egildo Vieira (pífano/flauta); Antonio Carlos Nóbrega de Almeida (rabeca/violino).

O marimbau e a rabeca usados pelo Quinteto Armorial foram fabricados e restaurados pelo artesão popular nordestino João Batista de Lima.

Capa: Gravura "Alexandrino e o Pássaro de Fogo", de Gilvan Samico.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Grupo Uirapuru: Uma "Orquestra de Barro" no sertão Nordestino


(Imagem: Reprodução/Facebook)
Eu não sei bem ao certo (uns 3, 4 anos...) que eu fui à Casa da Ribeira assistir à apresentação de um grupo do interior do Ceará. Era dia de semana, um transito daqueles - infernal - mas consegui chegar a tempo. Compro minha senha e me dirijo ao meu lugar. O teatro quase vazio e eu sem expectativas alguma; fui às segas confiando no bom gosto e competência da equipe curadora "da casa".
Como eu já disse, fui sem saber ao certo que me esperava e, foi as cortinas se abrirem e logo nos primeiros acordes, notas e eu logo me desarmando. Nuss! Fiquei tão comovido, entusiasmado e feliz que um pouco mais de uma hora de apresentação não mais que pareceu uns 15 minutinhos. Eu e todos os presentes queríamos mais. O lirismo do grupo foi tanto que eu nunca soube descrever - apenas senti.
Grupo Uirapuru - Orquestra De Barro - Obrigado por existir, e quando vierem a Natal novamente eu quero ir, com certeza!


VIA | TV Brasil
O Cultura Ponto a Ponto mostra o Ponto Lampião da Arte e da Cultura, em Cascavel, no Ceará. O ponto conta com o reforço do artista Tércio para o projeto de Interações Estéticas Uirapuru. Tércio trabalha há anos como luthier, profissão que cuida da fabricação e restauração de instrumentos de corda. Recentemente, começou a pesquisar sobre instrumentos feitos de barro. Para fabricá-los, contou com o auxílio dos griôs do Ponto, tanto na etapa de produção quanto na decoração. Depois de elaborar os instrumentos, Tércio juntou uma turminha de jovens da vizinhança e o maestro Luisinho, que tocou com grandes nomes da música brasileira, e formou uma orquestra toda feita com os instrumentos novos. Os meninos ensaiam três vezes por semana em uma casa de barro construída no quintal da casa do luthier. O som é mágico é surpreendente. Herança de Cascavel, o artesanato indígena tem uma tradição milenar no barro e na palha.
(Imagem: Reprodução/Facebook)

(Imagem: Reprodução/Facebook)

(Imagem: Reprodução/Facebook)

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Caboclinhos (Ceará-Mirim/RN) e Dança do Espontão (Caicó/RN)

(FOTO: Reprodução/Internet)
Os Cabocolinhos é um grupo folclórico de feição indígena, manifestação que ocorre no Litoral Nordestino. Em Pernambuco trata-se de uma dança com personagens vestidos de saiotes de penas, chamadas de Curumins, Cunhatãs, Pajé, Cacique e etc. Uma pequena orquestra de percussão e sopro é resposável pela música cujos gêneros mas conhecidas são o "perre" e o baiano.

Os Caboclinhos de Ceará-Mirim, diferem grandemente dos pernambucanos, apresentando um auto que se refere ao período da "Guerra dos Bárbaros". Seus personagens são militares e além dos perrés e baianos solados a flauta de taquara (de apenas quatro furos), os entoam cantos e dialógam.

As coreografias desenvolvidas pelos soldados indios, impressionantes pela sincronia e beleza dos movimentos, divididos em compaços marcados por um arco percussivo chamado preáca. A dança do Cipó é Fantástica: trocando as preacas por rodilhas de cipó, os soldados, no paço da dança traçam com o cipò, um caramanchão que forma túnel formidavelmente ritmado.


Infelizmente precisa de cerca de três horas para a apresentação de todo o repertório e muita gente contratam grupo pra se apresentar por meia hora. Meia hora é só para esquentar.

FONTE: Clique AQUI


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