terça-feira, 28 de agosto de 2012

Assú de Telhas e Poesias | Mestre Paulo Varela (Assu-RN)


"...O poeta popular Paulo Varela é natural do Assu (RN), considerado um dos melhores poetas matutos desse Nordeste. Ele, Paulo, é gago e declama sem dificuldade. Já se apresentou no Programa do Jô, na TV Globo, bem como é convidado para palestras e conferências sobre a sua poesia genuinamente matuta. Poucos dias depois, a Globo reapresentou a sua entrevista em razão de já ter sido um sucesso total em todo o Brasil. Ele participa de feiras de artesanatos e da Festa do Boi, em Parnamirim (RN), onde arma um stander (uma casa de taipa, típica do sertão do Nordeste, que ele mesmo constrói), onde vende seus discos (cd), folhetos de cordel e apresenta a sua arte de versejar nas casas de shows de Natal. Um dos seus discos intitula-se "Remédio Pra Subir Pau", 2004. Segundo o poeta que começou a escrever poesias a trinta anos atrás, já tem quase duas mil composições. Ele também artista plástico e "se diz um cabôco escrevedô e contadô de causos matutos".

Confira a participação do poeta na coluna "Cores & Nomes" com o jornalista Margot ferreira, no jornal televisivo RN-TV da TV Globo-RN


Baixe o CD clicando na capa
FAIXAS
01 brasil independente
02 é assim seu moço
03 eu e meu assú
04 pescador
05 quando a barragem sangrou
06 reclamações de um vaqueiro
07 retirando vidas
08 romance, amor sem fim
09 truvuano
10 vaqueiro nordestino

O Tom de Adélia Prado | Adélia Prado (MG)

Todos os tons de Adélia Prado

Esta produção traz o refinamento da expressão poética de Adélia Prado. A essência é a intenção da fala ao coração. O disco une a riqueza da poesia à expressão musical e essência feminina, através de cinqüenta e seis poemas do livro: "Oráculos de Maio", interpretados pela autora. No CD, Adélia Prado é acompanhada por um tema sonoro criado por Mauro Rodrigues e executado por Fernando Araújo (violão), Firmino Cavazza (violoncello), Carlos Ernest (oboé) e Mauro Rodrigues (flauta).
  1. O poeta ficou cansado
  2. O ajudante de Deus
  3. Salve rainha
  4. O tesouro escondido
  5. Staccato
  6. Homilia
  7. Domus
  8. A boa morte
  9. Poema para menina-aprendiz
  10. Do amor
  11. Portunhol
  12. Sesta com flores
  13. Meditação à beira de um poema
  14. Mural
  15. Nossa Senhora da Conceição
  16. A rua da vida feliz
  17. Justiça
  18. Mater dolorosa
  19. Vaso noturno
  20. O intenso brilho
  21. Invitatório
  22. Paixão de Cristo
  23. História de Jó
  24. Pedido de adoção
  25. Mulher ao cair da tarde
  26. A discípula
  27. Meditação do rei no meio de sua tropa
  28. Argüição da soberba
  29. Oficina
  30. Outubro
  31. Direitos humanos
  32. Tal qual um macho
  33. O santo
  34. A diva
  35. Ex-voto
  36. Amamnese
  37. O santo ícone
  38. Shopsi
  39. Neurolingüística
  40. Viação São Cristóvão
  41. Na terra como no céu
  42. Presença
  43. Filhinha 
  44. No bater das pálpebras
  45. À mesa
  46. A convertida
  47. Arte
  48. Mitigação da pena
  49. Exercício espiritual
  50. Nossa Senhora das Flores
  51. Estação de maio
  52. Aura
  53. Sinal no céu
  54. Teologal
  55. Maria
  56. Neopelican
O blogs destava o Poema "Ex-Voto" que, neste vídeo, é intepretado pela atriz-poetiza Elinda Lucinda
EX-VOTO - ADÉLIA PRADO

Na tarde clara de um domingo quente, surpreendi-me
Intestinos urgentes, ânsia de vômito, choro
Desejo de raspar a cabeça e me por nua no centro da minha vida
E uivar até me secarem os ossos
Que queres que eu faça Deus?

Quando parei de chorar, o homem que me aguardava disse-me:
Voce é muito sensível, por isso tem falta de ar!
Chorei de novo porque era verdade e era também mentira, sendo só meio consolo

Respira fundo, insistiu !
Joga água fria no rosto, vamos dar uma volta, é psicológico

Que ex-voto levo à Aparecida se nao tenho doença e só lhe peço a cura?
Minha amiga devota se tornou budista. Torço para que se desiluda e volte a rezar comigo as orações católicas.

Eu nunca ia ser budista!
Por medo de não sofrer, por medo de ficar zen
Existe santo alegre ou são os biógrafos que os põem assim felizes como bobos?

Minas tem coisas terríveis.
A serra da piedade me transtorna.
Em meio a tanta rocha de tão imediata beleza, edificações geridas pelo inferno, pelo descriador do mundo.

O menino não consegue mais, vai morrer, sem força para sugar a corda de carne preta do que seria um seio, agora às moscas.

Meu coração é bom mas não aceita que o seja.
O homem me presenteia.
Porque tanto recebo quando seria justo mandarem-me à solitária?

Palavras não, eu disse. Eu só aceito chorar!
Porque então limpei os olhos quando avistei roseiras e mais o que não queria, de jeito nenhum queria aquela hora, o poema, meu ex-voto.
Não a forma do que é doente, mas do que é são em mim.
E rejeito e rejeito premida pela mesma força do que trabalha contra a beleza das rochas.

Me imploram amor Deus e o mundo.
Sou pois mais rica que os dois.
Só eu posso dizer a pedra: És bela até a aflição!
O mesmo que dizer a ele: Sois belo, belo, sois belo.

Quase entendo a razão da minha falta de ar
Ao escolher palavras com que narrar minha angústia, eu já respiro melhor.

A uns, Deus os quer doentes, a outros quer escrevendo.

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