terça-feira, 11 de setembro de 2012

"Um poeta matuto" | Geraldo do Norte


Geraldo do Norte, vivendo hoje em Suruí (RJ), nascido em Parelhas, sertão do Rio Grande do Norte, reproduz a mais legítima poesia dos bardos nordestinos revivendo em seus poemas a saga de um povo que extrai da terra – sua mais recorrente fonte de inspiração – a matéria lírica e a essência sertaneja que projetaram em todo o território nacional nomes como Patativa do Assaré, Zé Limeira e Cego Aderaldo.

A par de cativante talento para contar seus "causos" e versos, a verve do matuto pode ser apreciada pela espontaneidade que flui, perene como as águas de seu Seridó, "onde várzeas eram pomares / o leito tinha lugares / que dava o que se plantasse".

Alerte-se, no entanto, para que tal espontaneidade não seja confundida com falta de acuidade técnica, posto que, se preciso, o "véio" Matuto capricha em sextilhas ou septilhas, dispondo rimas alternadas, emparelhadas ou interpoladas, no mesmo rigor dos 'bilacs "parnasianos. Ou, para se respeitar a geografia sentimental, na mesma métrica do Mestre Patativa.

Apresentando-se sempre com indumentária do sertanejo, Geraldo "fala" seus textos com tanta sinceridade, com tamanha ligação entre o homem e a obra, que chamá-lo de intérprete ou de ator, seria vê-lo como uma contração. O verso chistoso e a palavra-chicote passeiam do riso franco ao açoite das consciências adestradas. Íntegro, homem e arte se completam, amalgamam-se o rude matuto e o sensível versador. "Cavalheiro cavalo" é como o matuto de Parelhas se autodefine num rojão de sua autoria, gravado por Nandinho do Pandeiro". 

Os primeiros poemas de Geraldo podem ser encontrados no seu CD "Diário de um Poeta Matuto" produzido por Adelzon Alves, cujas prensagens, vendidas de mão a mão, num árduo trabalho de produção independente, esgotaram-se rapidamente em 12 meses, uma verdadeira façanha para quem não dispunha de publicidade e nem divulgação.

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