segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Brouhaha: Um livro sonoro de Câmara Cascudo

Inusitado, denso e repleto de nuances. Assim é o disco Brouhaha feito por artistas de todo o Brasil compondo em forma recitada e dedilhada os contos, os poemas e os devaneios de Cascudo, folclorista, historiador e descobridor de mundos. Ou como escreveu Carlos Drummond “O poeta Câmara Cascudo permaneceria inédito, sufocado pelo folclorista...”. Palavras impressas no encarte do disco lançado nacionalmente e elaborado por Dácio Galvão, também poeta.
A abertura do disco é uma grata surpresa, quando uma voz grave e intensa surge preenchendo o vazio. É José Celso Martinez Corrêa e sua singularidade, dizendo quase num sussurro a frase repetidamente, “Brouhaha é a voz da multidão”. Para na sequencia entrarem as oralizações de Mindlin, Fagner e Alceu Valença. A abertura ambienta o disco, para as canções que virão, bem estruturadas e com momentos únicos como os acordes da canção “Lundu de Collen Moore” na voz de Virgínia Rosa acompanhada por Gereba na criação musical, viola, cavaco e vocal. 
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A música “Brasil de Madrugada” também é forte e doce, quando a letra diz “Mapas de Cantino, Waldseemulher, Krunstmann. Desenho velho de canibais e feras (...) e a cruz de Cristo sangrando na vela”... um poema de Cascudo com música de Walter Franco e Diogo Franco. 

Outro momento do disco é o poema “Banzo” musicado por Luiz Brasil, grande instrumentista quem acompanhou Caetano, Cassia Eller e vários artistas brasileiros pelo mundo. Um trecho do poema, 
Subiu a toada
Dos negros mocambos
Saiu a mandinga
De pretos retintos
Vestidos de ganga...

Todo disco é uma surpresa. Como Cascudo se consagrou como historiador e folclorista, sua poesia ficou escondida, talvez esquecida mesmo, no tempo e nos livros internos...como disse bem o poeta Drummond, quem percebeu a força que existe na poesia de Cascudo. 

Prova disso é o poema “Cidade do Natal do Rio Grande” com música de Cid Campos e oralização de Augusto de Campos, um primor...
Tem um rio e tem o mar.
Cinemas. Autos.
Sal de Macau. Algodão do Seridó.
Cera de carnaúba. Couros
Açúcar de quatro vales largos e verdes.
O pneu amassa o chão vermelho
Dos comboios lerdos, langues, lindos.
Poetas.
 
(Trecho do poema)
Na sequencia ainda podemos ouvir “Sentimental Epigrama para Prajadipok, Rei de Sião” com música de Hélio Delmiro, “Kakemono” com música de Heraldo Monte e participação de Paulinho Boca de Cantor, “Não Gosto de Sertão Verde” com o ilustre Arrigo Barnabé e o “Romance do Boi da Mão de Pau”, um poema de Fabião das Queimadas transcrito e coletado por Cascudo e música de Joca Costa.


E por fim o poema “Symmy” feito por Cascudo para Mário de Andrade, o grande andarilho de mundos culturais...
O sol lhe bate na chapa
D´um besouro o brilho escapa
Branco, negro, ouro e mel.
Rola, recua e se atira
Volta, se encolhe e se estira
O dorso da cascavel...
 
(trecho do poema)
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